Dark kitchens: novo modelo de negócios é tendência para o setor de alimentação fora do lar

A proposta de cozinhas compartilháveis, focadas apenas em delivery, vem crescendo no país, mostrando-se uma alternativa mais econômica e viável para micro e pequenos negócios

Publicado em 07/04/2022 às 14:23 por Eloísa Kleinhans Guedes

Que o delivery se consolidou como uma alternativa para bares e restaurantes durante a pandemia já está claro. A novidade que vem se mostrando como tendência são as dark kitchens, que, em tradução livre do inglês, significa cozinhas escuras. Diferente do que o nome sugere, esses ambientes são uma alternativa e, de fato, uma luz para empreendedores que buscam trabalhar apenas com entrega dos produtos, sem o ambiente físico de um restaurante, com salão, mesas e garçons, automaticamente representando um custo inicial menor para o investimento.


As dark kitchens brasileiras se espalharam por vários estados brasileiros, mostrando bons resultados tanto como um modelo de negócios para aqueles que desejam montar espaços de cozinhas compartilhadas para locação, quanto para empreendedores que querem ter uma cozinha pronta para preparar alimentos e direcionar para entrega. Lucas Picchioni é um dos brasileiros que está atento às tendências de mercado e decidiu montar a Orion Cloud Kitchens, em Belo Horizonte (MG).


O empreendimento surgiu exatamente após pesquisas sobre novos modelos de negócio. O diretor financeiro da Orion conta que planejou com o sócio, durante oito meses, como estruturariam o ambiente. “Acreditamos que o delivery está apenas começando no Brasil, existem muitas oportunidades a explorar. Na Orion, oferecemos todas as facilidades aos empreendedores do ramo de alimentação. Assinou o contrato, a pessoa não tem gastos com aluguel, IPTU, água, luz, gás, internet, segurança, dedetização, limpeza da caixa de gordura, software de gestão, serviços de delivery”, explica.


Picchioni revela que o principal desafio foi apostar em uma área nova para ele, mas, apesar disso, comemora os resultados positivos. “Em junho de 2021, a Orion processou cerca de 100 pedidos no mês; em fevereiro de 2022, cerca de 8.000. Isso mostra o nosso crescimento e a prosperidade dos negócios que estão em funcionamento conosco”, diz.


Alimentação saudável e congelada

A Orion foi escolhida pelas empreendedoras Maria Clara Magalhães e Carolina Fadel para fundarem a Matula Cozinha, uma dark kitchen focada em alimentos ultracongelados saudáveis, práticos e saborosos.


As sócias já compartilhavam conteúdos de gastronomia na web e decidiram abrir o negócio exatamente pela facilidade de trabalhar apenas com entregas. “Ainda estávamos na fase crítica da pandemia, quando a alimentação por delivery e pratos prontos se consolidou como uma realidade do mercado. Decidimos pelo modelo de ultracongelamento, pois percebemos uma grande oportunidade: as pessoas estão em busca de praticidade e soluções rápidas. A maior parte da comida congelada oferecida no mercado deixa a desejar em termos de qualidade e sabor”, observa Maria Clara.


A empresária destaca como um dos pontos positivos de ter uma dark kitchen a possibilidade de se dedicar mais tempo ao cliente. Segundo ela, além de toda a estrutura física de uma cozinha, o espaço possui internet, sistemas de gestão/vendas, segurança, uma expedição única, onde a Orion é responsável por toda a logística de entrega, rotas e motoboys. “Dessa forma, nosso foco é entregar excelência nos nossos pratos. Investimos na melhor experiência para o cliente, aliando sabor e qualidade”, assegura.


Para a gestora estadual de Alimentação Fora do Lar do Sebrae no Rio de Janeiro, Louise Nogueira, as dark kitchens vieram para ficar. Estão presentes nos estados de Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e, segundo ela, são uma opção para donos de restaurantes que precisam reduzir seus custos de operação. “Um restaurante com espaço fixo tem um custo muito alto, então, a depender do perfil do público, o negócio pode nascer e funcionar sem esse gasto”, indica.


Louise reforça a importância de que é preciso investir em estratégias de marketing para uma boa divulgação do negócio. “Já que você não existe ‘fisicamente’, o cliente precisa encontrar você nas redes sociais, no celular, no computador, em mídias on e off line. Empreendedores que pensam em investir em dark kitchen precisam consolidar um bom plano de negócios, especialmente nessa parte de comunicação e publicidade”, recomenda.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias