Metade dos donos de pequenos negócios aluga o espaço onde suas empresas funcionam e – de acordo com pesquisa feita pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas – pouco mais de 60% tiveram o valor de seus aluguéis reajustados nos últimos 12 meses. Os dados revelados pela 14ª edição do estudo “Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios” confirmam a tendência de alta dos custos de manutenção e produção que as micro e pequenas empresas têm enfrentado, cenário já detectado em outras pesquisas.
Segundo o levantamento, entre os Microempreendedores Individuais (MEI), a proporção que opera em espaços alugados é bem inferior (40%), confirmando que o MEI atua, principalmente, na sua própria casa. Na avaliação do presidente do Sebrae, Carlos Melles, esse perfil de empreendedor busca reduzir ao máximo os seus custos de produção. Por isso, não surpreende o fato de que a maior parte deles tenha optado por um modelo de negócio que dispensa o custo de aluguel.
A 12° edição da mesma pesquisa, realizada em setembro do ano passado, havia revelado que o aluguel era o terceiro item que mais pressionava o custo dos pequenos negócios, perdendo apenas para o preço dos insumos e do combustível. Ainda de acordo com esse mesmo levantamento, os segmentos onde o valor do aluguel causava maior impacto eram academias, beleza, saúde e educação.
A pesquisa mais recente do Sebrae e da FGV mostra que 61% dos empresários que tiveram o valor de seus contratos de aluguel reajustado ignoravam o índice aplicado ou citaram um indicador diferente do IPCA ou IGP-M, que são os índices de referência mais usados para aluguel de imóveis no país.
Para o presidente Melles, esse dado pode ser resultado de um desconhecimento por parte dos empresários, ou mesmo indicar que o mercado tem adotado novos critérios para o reajuste dos valores dos aluguéis. “Não é possível mensurar essa prática, mas sabemos que, em momentos de alta inflação, os proprietários dos imóveis costumam flexibilizar o percentual de reajuste, buscando um acordo com os inquilinos para não perder os contratos de locação”, comenta.
Ainda segundo o presidente do Sebrae, esse desconhecimento por parte dos empresários que são inquilinos também é indicativo de uma baixa cidadania financeira. “O empreendedor precisa aprender a argumentar e negociar com seus fornecedores e com os proprietários dos imóveis que ocupa, a fim de buscar condições mais favoráveis à manutenção do próprio negócio”, argumenta.
Principais números
47% dos empresários alugam o espaço onde seus negócios estão instalados;
63% dos pequenos negócios tiveram o valor do aluguel reajustado nos últimos 12 meses;
Entre os Microempreendedores Individuais, essa proporção é um pouco menor (40%), indicando que o MEI opera em sua própria casa, no domicílio do cliente ou em espaços públicos;
25% tiveram o aluguel reajustado pelo IGP-M e 14% pelo IPCA.