Caminhar é muito mais do que deslocar-se. Para os 42 peregrinos que participaram da 16ª edição do Caminho Terra do Sol - realizado no feriadão de 14 a 16 de novembro entre Cascavel e Boa Vista da Aparecida -, os mais de 100 quilômetros percorridos foram uma oportunidade única de reencontros e conexões com a natureza, com os demais caminhantes e, sobretudo, com eles mesmos.
Entre paisagens rurais deslumbrantes, subidas íngremes e descidas que suavizam o cansaço, os passos ritmados motivaram algo maior. “Cada um com seu propósito, alguns religioso, outros físico, mas sempre com uma meta, todos chegaram ao final com a sensação interna de energia renovada e de dever cumprido. E, para a AMIC, a certeza de que o Caminho veio para ficar, pois são onze anos e muitas histórias escritas ao longo deste trajeto”, avalia o presidente da AMIC, Jovane dos Santos Borges.
Superação e novos vínculos
Cada peregrino trouxe na bagagem e no coração suas dores e motivações, mas todos descobriram algo maior. Walter Caetano Barbosa, de 51 anos, empresário de Assis Chateaubriand, fez a caminhada pela terceira vez e, agora, ao lado do filho de 12 anos. "Foi uma experiência transformadora. Andar com meu garoto, rir, comer frutas colhidas pelo caminho. Criamos memórias que levaremos para sempre. O Caminho nos convida a viver de forma mais simples e a valorizar cada instante", resume.
Essa simplicidade, porém, não diminui a profundidade da jornada. Para Walter, o trajeto também trouxe reflexões importantes sobre as pessoas que encontrou e, muitas, de nível espiritual elevado. "Muitos peregrinos carregam traumas e feridas emocionais, mas, ao mesmo tempo, outros têm uma força espiritual que supera qualquer limite físico ou bem material. Isso é que inspira. Ali, percebi que a felicidade real vem de dentro, e isso transborda em quem já encontrou essa paz interna".
Propósito em cada passo
Artur Gustavo Real, empresário de Foz do Iguaçu, compartilha dessa percepção. Ele veio pela primeira vez ao Caminho Terra do Sol e descreveu a experiência como um processo de conexão e aprendizado. "Não é apenas a caminhada em si; é o que ela proporciona. A gente se desconecta da rotina e se abre para novas perspectivas, ouvindo histórias e compartilhando momentos. É incrível como essa troca nos ajuda a descobrir coisas sobre nós mesmos que, no dia a dia, é impossível de perceber".
Reflexões e transformações
Para muitos, como Celso Benedito Bevilacqua, idealizador do Caminho e peregrino experiente e assíduo aos 75 anos de idade, a caminhada é também uma oportunidade de reflexão. Cada passo, segundo ele, faz revisitar a vida, as escolhas certas, os erros, os acertos. “O Caminho, de certa forma, é um espelho, mostrando com clareza quem somos e para onde queremos ir".
Este talvez seja o motivo que explique o perfil dos peregrinos, em sua maioria pessoas acima dos 40 anos, com experiência de vida e muito a compartilhar. Esse balanço que fazem ao longo dos quilômetros percorridos é um dos legados que o Caminho Terra do Sol deixa a cada peregrino.
Seja caminhando em silêncio ou trocando histórias ao longo do trajeto, os participantes experimentam algo que vai além do físico. Como Celso destaca, "é mais do que chegar ao destino, é sobre o que você aprende no percurso".
Conexões que seguem adiante
E a transformação que a peregrinação propõe não é para quando a caminhada termina. Walter já decidiu que retornará em 2025, junto com seu filho. "Ele adorou o Caminho e já pediu para fazermos de novo e de mochila nas costas. É incrível como, ao andar lado a lado, aprendemos a valorizar o simples, que é a conversa, o riso, o momento presente", avalia.
Ao final do percurso, a gratidão foi o sentimento que ficou entre os peregrinos. Seja pelo que os olhos contemplaram nas belas paisagens, o nascer e o pôr do sol diários - pois até o clima foi propício para isso -, seja pelas amizades formadas e, principalmente, pelo impacto que essa experiência tem em suas vidas. Como bem resumiu o empresário Artur, “a caminhada nos mostra que não estamos apenas andando; estamos nos transformando, passo a passo".
Que venha a 17ª edição!
Durante os três dias de caminhada, carros de apoio da AMIC acompanharam o grupo, garantindo que todos tivessem acesso a frutas, água e refeições balanceadas, cuidadosamente planejadas para sustentar o esforço físico. Os produtos e serviços foram adquiridos das famílias que vivem ao longo do trajeto, valorizando a cultura local e incentivando o turismo religioso e rural.
Em compromisso com a sustentabilidade, os peregrinos também participaram do plantio de mudas de árvores nativas nas comunidades de Linha Velha, em Rio do Salto, e em Juvinópolis. A ação contou com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente de Cascavel, reforçando o impacto positivo que o Caminho Terra do Sol busca deixar na região.
“A 16ª edição do Caminho Terra do Sol foi um sucesso. Sempre aprendemos o que podemos corrigir para a próxima caminhada, mas este ano foi tudo muito assertivo e tranquilo.. Já estamos trabalhando para que a 17ª edição seja ainda melhor”, finaliza Luiz Sérgio Wosiack.