Ninguém volta dessa jornada do mesmo jeito que começou. Cada pequeno passo em direção ao destino é um desafio a mais superado e cada paisagem ao longo do trajeto serve como motivação e inspiração para novos passos. Participar do Caminho Terra do Sol é ter a certeza de que é possível fazer as dificuldades físicas ficarem minúsculas perto da grandiosidade do poder da mente e da fé. Foi essa a sensação de 63 peregrinos que percorreram os 110 km da 11ª edição da peregrinação, promovida pela AMIC entre os dias 10 e 14 de outubro.
Foram quatro dias intensos, saindo da Unioeste em Cascavel, percorrendo trechos de asfalto, estrada de chão e paralelepípedo, travessia de rio e muitas subidas, até chegar ao ponto final, em Boa Vista da Aparecida. Com o suporte da AMIC com um carro de apoio, refeições e locais para repouso, os peregrinos encararam muito calor, mas focaram em seus propósitos pessoais e não desanimaram. O administrador Rafael Pickler participou pela quarta vez e mesmo já tendo experiências anteriores, considerou esta edição muito especial. “Eu faço a caminhada sempre com um objetivo religioso mesmo, de me encontrar, refletir, também de contemplar a natureza. Sempre é uma experiência fantástica, nessa em especial, eu levei um propósito muito grande comigo, a gente chegou no domingo da caminhada e no dia seguinte, esse propósito já se resolveu. São coisas bem bonitas e gratificantes que acontecem com a gente. O que me motiva mesmo é a fé, aumentar minha perseverança, esse contato que a gente tem caminhando consigo mesmo, com Deus, pra mim sempre é divino, mágico”, comenta o peregrino que leva um terço como item essencial.
No caminho, peregrinos veteranos se encontram e vão ajudando os mais novos a superarem as dificuldades. Novas amizades se formam e antigos vínculos se fortalecem nesse desejo coletivo de que todos cumpram o percurso da melhor maneira possível e com o máximo de aprendizado. A fisioterapeuta Maria Fernandes Pinheiro encarou a peregrinação pela primeira vez. Apesar de ter participado de outras trilhas, essa edição do Caminho Terra do Sol foi a estreia dela em caminhadas mais longas. Emprestou calças compridas do filho, comprou blusas especiais, chapéu com abas e dois bastões, se muniu de muita coragem e partiu, acompanhada da irmã! Muitas bolhas nos pés e dores se tornaram companheiras também, mas as irmãs e amigas foram motivando umas as outras, transformando o cansaço em combustível para andar sempre um pouquinho mais. “Senti a intervenção divina no caminho. Fizemos algo além das nossas forças. Achamos incrível, no final, as coisas acontecerem de uma forma a reunir a nós cinco para seguirmos juntas. Era imprescindível estarmos juntas para conseguirmos chegar. Uma ajudou a outra. Conseguimos porque nos apoiamos, fomos parceiras”, conta.
A chegada foi um triunfo, com entrega de certificado e fotos que só “coroaram” o que os peregrinos já sabiam: foram guerreiros e vitoriosos! “Aprendi sobre companheirismo e o valor da amizade e também sobre a importância de se preparar para algo tão difícil. O que mais me motivava ao longo da caminhada era conseguir andar, sentir que conseguia, queria apreciar a paisagem, sentir a energia do caminho que só seria possível sentir, caminhando. O sabor da vitória foi ter conseguido vencer a dor. Sempre comparávamos o caminho com a vida. Assim, quando algo está difícil, dolorido sabemos que logo vai passar, após a subida vem a descida e vice-versa. Tudo passa e o que fica é a experiência. Ficamos muito felizes em termos participado e nos sentimos muito mais fortes e motivadas. Conseguimos algo que parecia impossível. Nossa alegria é imensa. Somos muito gratas a todos da AMIC por esta oportunidade única”, agradece Maria, que já está se preparando para a próxima caminhada, em maio do ano que vem.