A coordenadora das Sondagens, Viviane Seda Bittencourt, observou que a confiança dos consumidores começa o ano em queda, influenciada pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses. No entanto, na visão de Viviane, a retomada do auxílio emergencial e uma percepção mais favorável sobre o mercado de trabalho parecem ter contribuído para a redução da distância entre a confiança dos consumidores de alta e baixa renda. A coordenadora alerta que ainda há incertezas que podem influenciar o comportamento do consumidor, que depende também da evolução do mercado de trabalho.
“A piora das expectativas com relação à situação econômica geral e às finanças familiares, no entanto, sugerem que a relativa satisfação com a situação corrente em janeiro pode ser temporária, havendo ainda muita incerteza quanto à evolução do endividamento das famílias de baixa renda. A mudança desse cenário continuará dependendo da recuperação do mercado de trabalho, controle da inflação, e redução da incerteza, num ano que se inicia com surto de Ômicron e Influenza e termina com as eleições”, disse.
A relativa estabilidade das avaliações dos consumidores sobre a situação atual retrata a alta de 0,8 ponto no indicador que mede a satisfação sobre as finanças pessoais, alcançando 60 pontos, após dois meses de quedas consecutivas. Já o indicador que mede as percepções sobre a situação econômica atual variaram 0,2 ponto para 73 pontos. Apesar disso, a FGV destacou que os dois se mantêm em patamar muito baixo em termos históricos.
Para os próximos meses, o indicador que mais influenciou o índice foi o que mede as expectativas sobre a situação econômica referente aos períodos que ainda vem. O indicador recuou 4,5 pontos, para 99,6 pontos, ficando abaixo do patamar de neutralidade, depois de três meses de recuperação. Outro recuo foi notado no que mede as perspectivas sobre a situação financeira familiar. A retração ficou em 0,9 ponto passando para 84,6 pontos. O ímpeto de compras para os próximos meses permaneceu em queda pelo quinto mês consecutivo. Com a queda de 2,5 pontos para 60,3 pontos, o indicador chegou ao menor valor desde maio de 2021.
A avaliação por faixa de renda mostrou melhora da confiança para os consumidores de menor poder aquisitivo (até R$ 4.800), mas um movimento contrário nas famílias com renda acima de R$ 4.800. O destaque ficou com as famílias de renda acima de R$ 9.600, cujo ICC caiu 3,6 pontos. No entanto, nas famílias de mais baixa renda (renda até R$ 2.100), a expansão alcançou 5,4 pontos no ICC. Segundo a FGV, este “é o segundo movimento positivo após 5 meses consecutivos de queda, recuperando em janeiro 50% da redução observada entre junho e outubro de 2021”.