Queda no faturamento e dificuldade para acessar crédito tornam mais difícil o empreendedorismo negro

Os empreendedores negros foram os que mais sofreram os efeitos negativos da crise sanitária nos últimos anos

Publicado em 28/06/2022 às 14:54 por Thauana Marin
Fotografia: Pexels

Os empreendedores negros foram os que mais sofreram os efeitos negativos da crise sanitária nos últimos anos, com perdas significativas no faturamento e com menos acesso a crédito, revela a 14ª edição da pesquisa sobre o impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios. Conduzida pelo Sebrae e pela Fundação Getulio Vargas (FGV), a análise indica uma queda de 62% no faturamento desse grupo de empresários em relação ao período pré-pandemia – número maior do que o registrado no extrato de empreendedores brancos (56%).


A diminuição no faturamento também foi observada na comparação com abril de 2021: entre os empresários negros, a redução chegou a 43%; já para a população branca, esse índice se manteve em 37%. O levantamento foi realizado nos meses de abril e maio e ouviu microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas de todo o Brasil.


“Os dados mostram o que já observamos, muitas vezes, no dia a dia. Demorando para recuperar o faturamento e sem conseguir crédito, é mais difícil para o negro ser empreendedor no Brasil e a pandemia deixou ainda mais clara essa desigualdade social. É preciso intensificar a concessão de crédito para essa parcela da população e o Sebrae tem atuado para promover políticas eficientes para alavancar os pequenos negócios brasileiros”, frisa o presidente da instituição, Carlos Melles.


O recorte por raça aponta ainda que tanto os entrevistados brancos quanto negros indicaram como principais dificuldades o aumento de custos, a falta de clientes e as dívidas com empréstimos. No entanto, os negros lideram a porcentagem de empresários com dívidas e empréstimos atrasados, com 35%; entre os brancos, é de 27%. Nesse mesmo quesito, a pesquisa constatou outro cenário desafiador: entre os negócios endividados, o sufoco para os negros é ainda maior e para 64% deles o pagamento de débitos supera 30% dos custos mensais. Entre os brancos, cai para 54%.


Desde o começo da pandemia, em 2020, 51% dos empreendedores negros buscaram empréstimo contra 49% dos brancos. Apesar de procurarem mais apoio das instituições financeiras para quitar suas pendências, 47% da população empreendedora negra teve seu pedido negado. Nesse quesito, apenas 34% dos brancos não tiveram sucesso.



Fonte: Agência Sebrae de Notícias