Caminho Terra do Sol começou hoje unindo história, fé e a força da comunidade

Caminhando cerca de 33 km por dia, 42 peregrinos partiram às 7h desta quinta-feira (14) de Cascavel, com chegada prevista para o fim da tarde de sábado (16) em Boa Vista da Aparecida

Publicado em 14/11/2024 às 10:00 por Thauana Marin

Com passos que unem história, fé e a força da comunidade, começou hoje (14) a 16ª edição do Caminho Terra do Sol, tradicional peregrinação organizada pela AMIC (Associação das Micro e Pequenas Empresas), que integra oficialmente o calendário de eventos de Cascavel e do Estado do Paraná. Até sábado (16), 42 peregrinos percorrerão pelo menos 33 km por dia, com chegada prevista no fim da tarde em Boa Vista da Aparecida. Para os participantes, caminhar é mais do que um desafio físico. Trata-se de uma oportunidade de reflexão e de autoconhecimento.


"O Caminho é um convite à reflexão. Cada desafio, como o desgaste físico e os momentos de solidão, traz à tona questões profundas sobre a vida, permitindo que cada peregrino descubra o verdadeiro significado de seu propósito", explica o idealizador do projeto, Celso Benedito Bevilacqua, peregrino e ex-presidente da AMIC. Ele lembra que a ideia do projeto nasceu de um sonho simples, mas profundo, de dois caminhantes que, em 2010, começaram a trilhar suas primeiras rotas, inicialmente em busca de saúde física. No entanto, logo perceberam que o esporte ia além de um desafio corporal. 


"O reconhecimento que o Caminho recebeu é algo muito gratificante. Não só pela organização do evento, mas pela transformação que ele gera em todos os participantes. Estamos cumprindo uma missão de conectar pessoas e oferecer uma verdadeira experiência de vida", pontua Bevilacqua.


Um Caminho de propósitos

Inspirado na lendária peregrinação de Santiago de Compostela, na Espanha, Bevilacqua, que já percorreu o trajeto espanhol em três ocasiões, trouxe essa visão para Cascavel. O projeto teve início em 2013, com edições semestrais, reunindo em média 50 peregrinos. Mesmo durante a pandemia, a AMIC manteve viva a essência da experiência, organizando versões reduzidas de um dia para garantir que os participantes mais assíduos pudessem continuar a tradição.


Há 16 anos, a peregrinação atrai participantes que buscam muito mais do que uma atividade física. A cada passo dado, os peregrinos se conectam com sua espiritualidade, refletem sobre sua trajetória de vida e encontram um propósito maior para suas experiências.


Para Bevilacqua, a caminhada é uma forma de "revisitar a vida". "Cada quilômetro caminhado te leva ao teu interior e você sente o que a vida lhe trouxe e o que ainda está por vir. Muitas vezes, as respostas vêm da natureza, do silêncio e até das conversas com outros peregrinos que, como você, também estão em busca de algo mais".


Caminho de superação

A história de Bevilacqua se entrelaça com a do empresário Walter Caetano Barbosa, de 51 anos. Morador de Assis Chateaubriand, ele encontrou na peregrinação respostas para a vida. A primeira experiência com caminhadas foi em 2019, em Jesuítas, numa peregrinação dedicada a Nossa Senhora. Esse contato o motivou a realizar o Caminho da Fé, em São Paulo. Foram 318 quilômetros percorridos na companhia da esposa no final de 2019. Em 2022, fez também o Caminho Terra do Sol.


Agora, Walter se preparou de forma diferente para esta terceira participação. Com maior preparo, trouxe uma abordagem diferente. Além da companhia do filho de 12 anos, decidiu fazer a experiência em jejum, consumindo apenas água e sal rosa para hidratação. "O objetivo é fazer uma autopurificação e um profundo autoconhecimento. O jejum traz benefícios para o corpo e para a alma", explica. Ele não tem a intenção de emagrecer, mas de se conectar ainda mais consigo mesmo, aproveitando os benefícios do processo físico e espiritual (autofagia).


Caminho de união

Durante os três dias de caminhada, carros de apoio da AMIC acompanharão o grupo, garantindo que todos tenham acesso a frutas, água e refeições balanceadas, cuidadosamente planejadas para sustentar o esforço físico. Os produtos e serviços vêm das famílias que vivem ao longo do trajeto, criando uma experiência de valorização da cultura local e incentivando o turismo religioso e rural.


“É uma forma de envolver a comunidade e valorizar tudo o que essa região especial tem a oferecer”, detalha o presidente da AMIC, Jovane dos Santos Borges.


Também como compromisso da AMIC com a sustentabilidade, os peregrinos participam do plantio de mudas de árvores nativas em  duas comunidades por onde o caminho passa, na Linha Velha, em Rio do Salto, e em Juvinópolis, em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente de Cascavel.