Há mais de um ano, os brasileiros esperam vivenciar a retomada econômica. A pandemia mudou a vida de milhões de pessoas e afetou diretamente os pequenos negócios, que se viram obrigados a fechar suas portas, inovar e descobrir novas ferramentas para continuar ativos. O empreendedorismo também, mais do que nunca, se tornou uma opção de renda para milhões de brasileiros que se encontravam desempregados e precisavam buscar formas de sobreviver. Observamos recordes de aberturas de empresas e empreendedores obstinados a superar o momento que o Brasil e o mundo vivenciavam.
Um ano e meio após a chegada da pandemia do coronavírus no Brasil, finalmente pudemos presenciar a redução das restrições em estados e cidades e, com isso, os pequenos negócios estão voltando a funcionar e a melhorar o faturamento. De acordo com a 12ª edição da Pesquisa de Impacto da Pandemia do Coronavírus nas Micro e Pequenas Empresas, recém realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 85% dos empreendimentos brasileiros estão funcionando, sendo que 26% estão trabalhando da mesma forma que antes da pandemia, o maior valor da série histórica.
Mas o momento que era para ser apenas de comemoração, seja pelo retorno da rotina das cidades ou pela redução nos casos de covid-19 que temos presenciado todos os dias, apresenta um novo fantasma aos empreendedores: a inflação. Muitos deles, principalmente os mais jovens, não presenciaram um Brasil com alta de preços, disparada do dólar e uma possível estagflação, onde podemos observar uma estagnação ou queda no nível de produção e emprego combinado com inflação acelerada. Ou seja, além das consequências da pandemia no faturamento dos pequenos negócios, a inflação e a pouca disponibilidade de reservas preocupam os donos de micro e pequenas empresas.
Nessa última edição da pesquisa de Impacto que fizemos, as maiores preocupações dos empreendedores agora são outras. A alta no preço das mercadorias e os sucessivos aumentos nos combustíveis têm sido os fatores que mais pressionam os custos dos pequenos negócios em todo o Brasil, independentemente se eles são microempreendedores individuais (MEI) ou donos de uma empresa de micro ou pequeno porte. Gastos com insumos, mercadorias e combustíveis foram citados como os que mais impactam os negócios por 63% dos MEI e por 61% das micro e pequenas empresas. Se somar a esses números as despesas com gás e energia elétrica, eles sobem para 76% para os MEI e 77% para as MPE.
A 12ª edição da pesquisa de Impacto ainda nos revela que para 62% da Indústria o custo das mercadorias é o que tem mais peso, seguido pelo Comércio (49%), Agropecuária (47%), Construção Civil (36%) e Serviços (25%). Já quando o assunto é combustível, ele pesa mais nos empreendimentos da Construção Civil (41%), Agronegócio (34%), Serviços (32%), Comércio (18%) e Indústria (14%). Todos, sem exceção, são impactados.
A inflação está pressionando os preços de combustíveis e insumos e isso é um ponto de preocupação para uma retomada mais vigorosa da atividade nos próximos meses. Em geral, paradas muito fortes seguidas de retomadas rápidas, tal como vimos após cada uma das últimas ondas da Covid-19, geram o que os economistas chamam de “dores do crescimento”. Os diversos setores reagem de forma desigual e isso causa pequenas “dores” e “desarranjos”, muita oscilação de preços e pequenas crises de desabastecimento, até que tudo volte a se reequilibrar. Os reflexos dos aumentos de preços são sentidos por empreendedores que dependem dos combustíveis para trabalhar, pelas pequenas indústrias que presenciam matérias-primas cada vez mais com altas nos preços e pelos consumidores que precisam apertar os cintos para fazer com que o orçamento caiba dentro de um mês.
Empreender é superar desafios, coisa que o empreendedor brasileiro é mestre, mas para que ele consiga isso é preciso que governos, parlamentares, investidores e entidades se unam para devolver ao Brasil a estabilidade econômica e condições favoráveis ao crescimento do país por meio de políticas públicas de incentivos para a atração de investidores, aumento da produção e geração de emprego e renda.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias